segunda-feira, 16 de abril de 2007

Humana

Após sobreviver ao último Inverno, apercebi-me que me sentia menos humano, não num conceito idiota de ficção científica - que eu adoro, não de uma forma negativa - isso dependerá da perspectiva - mas sim de um prisma referente ao conceito de progresso. Mais frio, menos sensível à vivência mundana, talvez um pouco mais incorruptível, mais real. Não me refiro a um conceito de proximidade divina, refiro-me somente a uma forma mais saudável de olhar para o que tenho à frente, arrogante talvez, mas consciente. Acho que sei porquê. Afinal, não atingimos o fundo do poço sem aprender algo com isso. Posso dizer que me sinto bem comigo próprio, muito bem mesmo, como há muito não me sentia. Figurativamente falando, sinto os meus dentes mais afiados, mais fortes e mais brilhantes. Suficientemente confiante para a dentada no Mundo que me é devida, para descarnar e consumir talvez mais até que isso.
Estou certo de ter descartado toda uma aura de negritude com a qual estabeleci uma certa relação de dependência a todos os níveis, para me aproximar de um desejado e confortante estado de neutralidade. Aqui já não existe o certo ou o errado, permanece somente a verdade da existência, despreocupada e implacável. Não se pode ser julgado se não existe qualquer interesse e isso, por si só, é uma vantagem enorme. Poderão existir opiniões a questionar este estado, esta atitude, mas estamos demasiado embrenhados em indiferença para sequer notarmos. Estamos a consumir-nos a nós próprios e estamos a gostar, embriagamo-nos sem tonturas ou ressacas, e não queremos realmente saber de mais nada para lá disso, sem que, para tal, tenhamos de nos fechar ao exterior. Na realidade estou perfeitamente em sintonia com o Mundo, porque o meu Mundo sou eu e não estou minimamente interessado em conhecer os outros.
É brilhante fascinar-me comigo próprio...

1 comentário:

Anónimo disse...

Está muito bom. Gostei. Estavas inspirado...